(Do Jornal Estadão)
"Eu sou o ÃO.
Talvez você não esteja ligando o nome à pessoa, por isso é melhor eu refrescar a sua memória.
Lembra quando você largou aquele empreguinho perigosamente bem-remunerado
para abrir seu próprio negócio? Sua mulher achando que você ia se atirar numa aventura, seu pai dizendo que você não ia dar em boa coisa mesmo.
Quem você acha que ficou martelando no seu ouvido "vai em frente, você merece coisa melhor"?
E quando você resolveu entrar na faculdade com 40 anos, mesmo correndo o risco de
ser chamada de tia? Quem foi que segurou a sua mão na hora de preencher a ficha de inscrição?
E quem foi que deu aquele empurrãozinho para você, do alto do seu 1 metro
e meio, convidar aquela gata pra sair ?
Ninguém mais, ninguém menos do que eu, o ÃO.
A força misteriosa que faz você se atirar de cabeça na vida.
Que faz você pensar grande.
Sou eu quem enche de coragem os povos oprimidos, os amantes tímidos e os batedores de pênalti.
Eu faço o possível pra você fazer o impossível.
Comece a pensar ÃO antes que seja tarde. Pare de agir como massa e comece
a agir como indivíduo. Não deixe ninguém decidir o que é melhor pra você.
Resista à tentação do fácil, à banalidade e aos sentimentos mesquinhos.
Pense no que você perde por medo, nas idéias que nunca saem do papel
por causa dessa maldita mania de viver no outono.
Vamos lá. Ninguém está pedindo pra você inventar
a roda. Só pra fazê-la girar.
Eu sou o ÃO. E este é o meu manifesto"
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